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Tu presta atenção nas promessas dos políticos?

E nas campanhas das redes sociais, tem prestado atenção?


UPAON AÇU - No começo da década passada, quando o Facebook já era popular no Brasil e ainda tínhamos o Orkut, artes, memes e postagens ganhavam as redes sociais falando sobre algo bem específico. Em meados de 2012, na campanha das eleições municipais daquele ano, e foi alardeado o grande empreendimento que mudaria a vida das pessoas em São Luís: o então candidato João Castelo (PSDB) tinha no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) sua grande promessa de mudança.

A promessa, marcante nas publicações das redes sociais da época, ruiu - literalmente. Foi instalada no fim da gestão de administração de João Castelo como prefeito (entre 2009 e 2012) e, como o tempo mostrou, acumulou poeira e piadas ao longo dos anos. A obra, que existiu como uma tentativa de reeleição em 2012, virou "referência" em termos de promessa de campanha - daquelas tanto comentadas e vendidas em horário político e que se comprovaram distantes da realidade quando postas em prática.


Como forma de "otimizar" suas campanhas e suas propagandas, os candidatos - todos os 10 atualmente em campanha para a prefeitura de São Luís - tem feito suas promessas com a ajuda das redes sociais. Nada novo, se comparado ao período anterior de eleições para prefeito na capital maranhense.

Mas, contudo, requer que olhemos com mais atenção a estas propostas. Em publicações de outubro de 2016, por exemplo, o atual prefeito de São Luís - e candidato à reeleição à época-, Edivaldo Holanda Júnior, prometia, em seu perfil no Instagram: reformar todas as escolas da rede municipal; urbanização em mais de 90 bairros; construção de passarelas com elevadores na cidade; implantação de mais de 20 unidades básicas de saúde; criação do programa de prosperidade econômica (PPE); implantação de mais um Circo Escola na Zona Rural; implantação do BRT; entre tantas outras medidas.


A promessa, alardeada no canal oficial do atual prefeito, segue publicada até hoje.



Caminhando por São Luís, você já viu alguma passarela com elevador? Pois é, não precisa pensar muito para saber que planejamentos como esse, ainda que visassem maior conforto e ampliassem as ações sobre mobilidade no Maranhão, jamais saiu do papel. O programa de prosperidade econômica (PPE), também citado em diversas postagens no ano eleitoral de 2016, sequer saiu do papel.

Em 2012, ano em que foi eleito a primeira vez, Edivaldo Júnior fez diversas promessas, como as construções dos viadutos da Forquilha e do Calhau, por exemplo, a implantação de uma central de Engenharia de Tráfego e a criação de ciclovias em avenidas de São Luís. Até meses antes das eleições, nenhuma dessas promessas de campanha havia sido concluída – propostas que incluíam, ainda, implantação do BRT, construção de novas avenidas e creches.

Dados levantados pelo G1, dispostos no programa de governo de Edivaldo Holanda Júnior de 2016 pelo PTB, registrado no Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) (e também em entrevistas e debates), apontam mais de 30 promessas de campanha e 15 ainda não cumpridas (até janeiro deste ano).

Uma das promessas não cumpridas, por exemplo, foi a criação de lar para idosos e dois abrigos para população de rua. Em maio deste ano, um Termo de Colaboração entre a Prefeitura da cidade e o Instituto Pobres Servos da Divina Providência foi assinado para a abertura da primeira unidade municipal de longa permanência para o acolhimento de idosos em São Luís. Em 4 anos de gestão, a promessa principal referenciada no plano de governo não chegou a ser cumprida.

Atualmente, em pontos semanalmente discutidos nos atuais debates para as Eleições de 2020, como infraestrutura, educação e cultura, também não foram cumpridas (até o início deste ano) promessas como o ProUni municipal, o Programa de Habitação para o Centro Histórico de São Luís e a Ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) do Bacanga.

As demais análises das promessas de campanha podem ser acompanhadas aqui.



Dentro do plano de governo, por exemplo, e em suas publicações no Instagram, consta “Desenvolver o Novo Corredor de Transportes Urbanos - BRT – CentroCohab”, algo que, até 2020, não saiu do papel. Ainda que no plano de governo só conste a citação anterior, nas redes sociais, a descrição vai além: um projeto com 8km de extensão, ligando o Centro à Cohab, contando ainda com um terminal de integração, estação de passageiros e continuidade para o segundo trecho.

Outro plano, previsto em 2012 no plano de governo da mesma gestão, e contestado pelo Ministério Público do Maranhão (MP-MA), por meio da 2ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Educação e da 28ª Promotoria de Justiça da Probidade Administrativa, em Ação Civil Pública (ACP), diz sobre a reforma de todas as unidades educacionais pertencentes à rede municipal de ensino.

As reformas estavam previstas em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2014. Em maio de 2017, com o ingresso da ACP, foi apontado, em um Relatório de Vistoria da Coordenadoria de Obras, Engenharia e Arquitetura do Ministério Público, que 54 escolas analisadas apresentavam uma série de problemas. Até 2016, destas, apenas 14 apresentam obras concluídas, segundo informações da própria prefeitura. No plano de governo daquele ano, consta “Efetuar a Manutenção e Reformas em todas as unidades escolares da Rede Municipal de Ensino, a partir daquelas com maior vulnerabilidade estrutural e de demanda”.



Até setembro de 2019, segundo informações da Prefeitura, em cerca de mil salas de aula, havia sido instaurado o sistema de ar-condicionado - os dados completos do número total de salas de aula e escolas não foi divulgado.

As demais implantações citadas também não precisam de uma memória tão aguçada para que percebamos que sequer chegaram a ser construídas. As promessas de campanha nas redes sociais acabam conquistando diversos eleitores, mas ainda existe pouca informação sobre a praticidade e viabilidade no anúncio dessas "melhorias".

As checagens da equipe do Rumbora Marocar têm, desde setembro último, servido de instrumento norteador para todo e qualquer eleitor poder se antenar sobre os candidatos e, a cada nova abordagem, despertar um senso crítico sobre o cenário político.

Em toda e qualquer promessa de campanha, seja ela em qual mídia for, faça seu papel: pesquise e cobre.

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